Alta para Casa? Padrões e Preditores de Alta para o Domicílio em Sobreviventes de AVC Agudo
DOI:
https://doi.org/10.46531/sinapse/AO/240005/2024Palavras-chave:
Alta do Doente, Reabilitação do Acidente Vascular CerebralResumo
Introdução: Atualmente, o acidente vascular cerebral (AVC) constitui a principal causa de incapacidade permanente na população adulta. Após o evento agudo, os sobreviventes apresentam frequentemente necessidade de integrarem programas de reabilitação especializados, e destes, cerca de 30% sofrem incapacidades permanentes que requerem cuidados de saúde e extenso suporte familiar. Contudo, é escassa a literatura nacional sobre o planeamento de alta e coordenação de cuidados à data de alta, assim como não estão identificados fatores preditores de regresso ao domicílio após AVC agudo. O principal objetivo deste estudo foi descrever os padrões de alta hospitalar de doentes admitidos com AVC agudo. Como objetivos secundários, realizar uma análise descritiva do perfil demográfico, fatores de risco cardiovasculares, tratamento de fase aguda e duração do internamento, assim como identificar preditores do destino destes doentes à data de alta.Métodos: Estudo de coorte retrospetivo de doentes admitidos em internamento hospitalar por AVC agudo durante o ano de 2021. Foi realizada uma análise descritiva das características demográficas e clínicas e do destino após alta hospitalar. Foram utilizados testes não-paramétricos para análise de associações e regressão linear para identificar preditores de regresso ao domicílio.
Resultados: Duzentos e quatro doentes foram incluídos. A maioria dos doentes teve alta para o domicílio, com ou sem necessidade de reabilitação em ambulatório (55,4%). Terapias em ambulatório incluíram fisioterapia em 80,6% dos casos, terapia da fala em 29,0% e terapia ocupacional em 6,5%. A idade, existência de história pregressa de AVC, necessidade de sonda nasogástrica à admissão, alterações vesico-esfincterianas à admissão, National Institutes of Health Stroke score (NIHSS) ≤10 à admissão e após tratamento de fase aguda, assim com permanência na unidade de AVC ≤ 7 dias demonstraram ser preditores significativos do destino de alta hospitalar. Por outro lado, o sexo, o tipo de AVC, classificação Trial of Org 10172 in Acute Stroke Treatment (TOAST) ou Oxfordshire Community Stroke Project (OCSP) não parecem ter relação com o destino de alta.
Conclusão: Estes dados ajudam compreender os fatores que influenciam a orientação após hospitalização por AVC, bem como a capacidade de prever a alta para o domicílio, dados cruciais para tentar otimizar a reabilitação dos sobreviventes, reduzir a duração dos internamentos e os seus custos associados.
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