Dispositivos Médicos na Abordagem de Doentes com Epilepsia

Autores

  • João Carrola Costa Departamento de Neurociências Clínicas e Saúde Mental, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal https://orcid.org/0009-0004-5494-5605
  • Leonor Dias Departamento de Neurociências Clínicas e Saúde Mental, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal; Serviço de Neurologia, Centro Hospitalar Universitário São João, Porto, Portugal https://orcid.org/0000-0002-2763-9440
  • Marta Carvalho Departamento de Neurociências Clínicas e Saúde Mental, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal; Serviço de Neurologia, Centro Hospitalar Universitário São João, Porto, Portugal https://orcid.org/0000-0001-6972-9287

DOI:

https://doi.org/10.46531/sinapse/AR/230038/2024

Palavras-chave:

Aprendizagem Automática, Convulsões/diagnóstico, Dispositivos Electrónicos Vestíveis, Epilepsia/diagnóstico, Epilepsia/tratamento, Interfaces Cérebro-Computador

Resumo

O número crescente de dispositivos médicos desenvolvidos e comercializados para melhorar a gestão de doentes com epilepsia reflete o crescente interesse em traduzir os avanços tecnológicos e o conhecimento sobre epilepsia numa melhor prestação de cuidados de saúde a esta população. O objetivo desta revisão narrativa da literatura é analisar as opções de dispositivos médicos disponíveis para deteção, tratamento e registo de crises epiléticas e a sua possível aplicação clínica. Os artigos incluídos foram selecionados através da base de dados PubMed, utilizando a query “(Epilepsy[MeSH Terms]) AND (SUDEP)) AND (Medical Device)) AND (English[Language])”. A deteção de crises epiléticas é essencial para a intervenção precoce e para otimizar a terapêutica de cada doente. No ambulatório, essa deteção é um desafio devido à sua imprevisibilidade. Tradicionalmente, o eletroencefalograma é o método direto de deteção utilizado em contexto hospitalar. Métodos indiretos de deteção, como eletrocardiograma, fotopletismografia, oxímetro, atividade eletrodérmica, acelerómetro e eletromiografia, mostraram potencial para detetar crises epiléticas em ambulatório. Vários dispositivos médicos foram desenvolvidos com base nos métodos menionados, com o objetivo de fornecer aos doentes soluções que possam usar no seu dia-a-dia. Alguns dos designs disponíveis são o eletroencefalograma com elétrodos retroauriculares, pulseiras, braçadeiras e sensores de pressão na cama. Equipados com diferentes funções, esses dispositivos podem ajudar na deteção precoce de crises epiléticas e melhorar a qualidade de vida de doentes e cuidadores. Existem também dispositivos disponíveis para o tratamento de crises epiléticas. Por meio de técnicas de neuromodulação, como a estimulação do nervo vago, a estimulação cerebral profunda e a neuroestimulação responsiva, esses dispositivos são apresentados como soluções para doentes com epilepsias refratárias não elegíveis para cirurgia ressectiva. Os doentes com epilepsia têm várias aplicações disponíveis online para o registo adequado de crises epiléticas. Essas aplicações ajudam os médicos na otimização da terapêutica com base na evolução clínica. A ampla gama de dispositivos disponíveis cria a oportunidade de personalizar a abordagem às necessidades específicas do doente. O conhecimento das características de cada dispositivo pode ajudar os médicos a melhorar a abordagem dos doentes com epilepsia.

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Publicado

2024-04-02

Como Citar

1.
Carrola Costa J, Dias L, Carvalho M. Dispositivos Médicos na Abordagem de Doentes com Epilepsia. Sinapse [Internet]. 2 de Abril de 2024 [citado 21 de Novembro de 2024];24(1):23-32. Disponível em: https://sinapse.pt/index.php/journal/article/view/43

Edição

Secção

Artigo de Revisão