Inclusão do Nervo Ótico Avaliado por Potenciais Evocados Visuais nos Critérios de Disseminação no Espaço para o Diagnóstico de Esclerose Múltipla

Autores

  • Sofia Delgado Serviço de Neurologia / Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal https://orcid.org/0000-0002-5696-3039
  • Ângelo Timóteo Serviço de Neurologia / Hospital Beatriz Ângelo, Loures, Portugal
  • Joana Moniz Dionísio Serviço de Neurologia / Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal https://orcid.org/0000-0003-4434-3593
  • Ana Rodrigues Serviço de Neurologia / Hospital Beatriz Ângelo, Loures, Portugal
  • Ana Arraiolos Serviço de Neurologia / Hospital Beatriz Ângelo, Loures, Portugal
  • Pedro Lopes das Neves Serviço de Neurologia / Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal
  • André Rêgo Serviço de Neurologia / Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal https://orcid.org/0000-0002-3342-3515
  • José Vale Serviço de Neurologia / Hospital Beatriz Ângelo, Loures, Portugal
  • Vasco Salgado Serviço de Neurologia / Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal
  • Lia Leitão Serviço de Neurologia / Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal
  • Mariana Santos Serviço de Neurologia / Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, Amadora, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.46531/sinapse/AO/240003/2024

Palavras-chave:

Doenças Desmielinizantes, Potenciais Evocados Visuais, Esclerose Múltipla/diagnóstico, Esclerose Múltipla/diagnóstico por imagem, Nervo Ótico/diagnóstico por imagem, Ressonância Magnética

Resumo

Introdução: A inclusão do nervo óptico (NO) nos critérios de disseminação no espaço (DIS) para o diagnóstico de esclerose múltipla (EM) foi proposta em 2016 pelo grupo Magnetic Ressonance Imaging in Multiple Sclerosis. Contudo, existia evidência insuficiente para incluir esta recomendação na revisão de 2017 dos critérios de McDonald. O nosso objetivo foi investigar o efeito de incluir o NO avaliado por potenciais evocados visuais (PEV) como quinta localização nos critérios de DIS para o diagnóstico de EM, em doentes com síndrome clínico isolado (CIS) típico. Métodos: Estudámos doentes que se apresentaram com CIS entre 2012 e 2019 em dois hospitais portugueses, com avaliação inicial completa, incluindo ressonância magnética crânio-encefálica e medular, e PEV. Aplicámos retrospetivamente os critérios de McDonald 2017 e um conjunto de critérios modificados que incluíam o NO avaliado por PEV na DIS. Avaliámos a performance dos dois conjuntos de critérios para predizer conversão em esclerose múltipla clinicamente definida (EMCD) e/ou atividade imagiológica. Resultados: Incluímos 76 doentes, 25% com nevrite ótica como CIS. Os PEV identificaram envolvimento assintomático do NO em 12,3% dos CIS-não nevrite ótica. Vinte e sete (35.5%) doentes converteram em EMCD e 37 (48,7%) apresentaram atividade imagiológica durante o follow-up (mediana = 3,12 anos, 1,04 – 8,36). Cinquenta e nove por cento iniciaram terapêutica modificadora da doença antes da conversão em EMCD. Os critérios de DIS modificados em combinação com disseminação no tempo foram mais sensíveis (77,8% vs 74,1%), mas menos específicos (57,1% vs 61,2%) para predizer EMCD, e mais sensíveis (73,2% vs 65,9%) e igualmente específicos (65,7% vs 65,7%) para predizer EMCD ou actividade imagiológica, mas estas diferenças não foram estatisticamente significativas. Os critérios modificados permitiram o diagnóstico de 3 doentes adicionais no baseline (42/76 vs 39/76), em média 9 meses antes do cumprimento dos critérios de McDonald 2017. Conclusão: Embora a inclusão do NO avaliado por PEV nos critérios de DIS tenha levado à correta identificação de mais doentes com EM, na nossa amostra não permitiu um aumento estaticamente significativo da sensibilidade de diagnóstico. Ainda assim, o nosso trabalho apoia a necessidade de discussão da inclusão do NO nos critérios de DIS na futura revisão dos critérios de diagnóstico de EM.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Solomon AJ, Arrambide G, Brownlee WJ, Flanagan EP, Amato MP, Amezcua L, et al. Differential diagnosis of suspected multiple sclerosis: an updated consensus approach. Lancet Neurol. 2023;22:750-68. doi: 10.1016/S1474-4422(23)00148-5.

Miller DH, Weinshenker BG, Filippi M, Banwell BL, Cohen JA, Freedman MS, et al. Differential diagnosis of suspected multiple sclerosis: a consensus approach. Mult Scler. 2008;14:1157–74. doi: 10.1177/1352458508096878.

Kappos L, Edan G, Freedman MS, Montalbán X, Hartung HP, Hemmer B, et al. The 11-year long-term follow-up study from the randomized BENEFIT CIS trial. Neurology. 2016;87:978-87. doi: 10.1212/WNL.0000000000003078.

Tintore M, Rovira À, Río J, Otero-Romero S, Arrambide G, Tur C, et al. Defining high, medium and low impact prognostic factors for developing multiple sclerosis. Brain. 2015;138:1863-74. doi: 10.1093/brain/awv105.

He A, Merkel B, Brown JWL, Zhovits Ryerson L, Kister I, Malpas CB, et al. Timing of high-efficacy therapy for multiple sclerosis: a retrospective observational cohort study. Lancet Neurol. 2020;19:307-16. doi: 10.1016/S1474-4422(20)30067-3.

Spelman T, Magyari M, Piehl F, Svenningsson A, Rasmussen PV, Kant M, et al. Treatment Escalation vs Immediate Initiation of Highly Effective Treatment for Patients With Relapsing-Remitting Multiple Sclerosis: Data From 2 Different National Strategies. JAMA Neurol. 2021;78:1197-204. doi: 10.1001/jamaneurol.2021.2738.

Thompson AJ, Banwell BL, Barkhof F, Carroll WM, Coetzee T, Comi G, et al. Diagnosis of multiple sclerosis: 2017 revisions of the McDonald criteria. Lancet Neurol. 2018;17:162-73. doi: 10.1016/S1474-4422(17)30470-2.

Toosy AT, Mason DF, Miller DH. Optic neuritis. Lancet Neurol. 2014;13:83–99. doi: 10.1016/S1474-4422(13)70259-X.

Kolappan M, Henderson AP, Jenkins TM, Wheeler-Kingshott CA, Plant GT, Thompson AJ, et al. Assessing structure and function of the afferent visual pathway in multiple sclerosis and associated optic neuritis. J Neurol. 2009;256:305-19. doi: 10.1007/s00415-009-0123-z.

Filippi M, Rocca MA, Ciccarelli O, De Stefano N, Evangelou N, Kappos L, et al. MRI criteria for the diagnosis of multiple sclerosis: MAGNIMS consensus guidelines. Lancet Neurol. 2016;15:292-303. doi: 10.1016/S1474-4422(15)00393-2.

Drislane FW. Visual Evoked Potentials. In: Blum AS, Rutkove SB, editors. The Clinical Neurophysiology Primer. Totowa: Humana Press; 2007. p.461-73.

Ekayanti MS, Mahama CN, Ngantung DJ. Normative values of visual evoked potential in adults. Indian J Ophthalmol. 2021;69:2328-32. doi: 10.4103/ijo.IJO_2480_20.

Kappos L, Edan G, Freedman MS, Montalbán X, Hartung HP, Hemmer B, et al. The 11-year long-term follow-up study from the randomized BENEFIT CIS trial. Neurology. 2016;87:978-87. doi: 10.1212/WNL.0000000000003078.

Filippi M, Preziosa P, Meani A, Ciccarelli O, Mesaros S, Rovira A, et al. Prediction of a multiple sclerosis diagnosis in patients with clinically isolated syndrome using the 2016 MAGNIMS and 2010 McDonald criteria: a retrospective study. Lancet Neurol. 2018;2: 133–42. doi: 10.1016/S1474-4422(17)30469-6.

Brownlee WJ Miszkiel KA, Tur C, Barkhof F, Miller DH, Ciccarelli O. Inclusion of optic nerve involvement in dissemination in space criteria for multiple sclerosis. Neurology. 2018; 91: e1130–4. doi: 10.1212/WNL.0000000000006207.

Vidal-Jordana A, Rovira A, Arrambide G, Otero-Romero S, Río J, Comabella M, et al. Optic nerve topography in multiple sclerosis diagnosis: the utility of visual evoked potentials. Neurology. 2021;96:e482-e490. doi: 10.1212/WNL.0000000000011339.

Bsteh G, Hegen H, Altmann P, Auer M, Berek K, Di Pauli F, et al. Diagnostic Performance of Adding the Optic Nerve Region Assessed by Optical Coherence Tomography to the Diagnostic Criteria for Multiple Sclerosis. Neurology. 2023;101:e784-93. doi: 10.1212/WNL.0000000000207507.

Naismith RT, Tutlam NT, Xu J, Shepherd JB, Klawiter EC, Song SK, et al. Optical coherence tomography is less sensitive than visual evoked potentials in optic neuritis. Neurology. 2009;73:46-52. doi: 10.1212/WNL.0b013e3181aaea32.

Behbehani R, Ahmed S, Al-Hashel J, Rousseff RT, Alroughani R. Sensitivity of visual evoked potentials and spectral domain optical coherence tomography in early relapsing remitting multiple sclerosis. Mult Scler Relat Disord. 2017;12:15-9. doi: 10.1016/j.msard.2016.12.005.

Di Maggio G, Santangelo R, Guerrieri S, Bianco M, Ferrari L, Medaglini S, et al. Optical coherence tomography and visual evoked potentials: which is more sensitive in multiple sclerosis? Mult Scler. 2014;20:1342-7. doi: 21.1177/1352458514524293.

Swinnen S, De Wit D, Van Cleemput L, Cassiman C, Dubois B. Optical coherence tomography as a prognostic tool for disability progression in MS: a systematic review. J Neurol. 2023;270:1178-86. doi: 10.1007/s00415-022-11474-4.

Martinez-Lapiscina EH, Arnow S, Wilson JA, Saidha S, Preiningerova JL, Oberwahrenbrock T, et al. Retinal thickness measured with optical coherence tomography and risk of disability worsening in multiple sclerosis: a cohort study. Lancet Neurol. 2016;15:574-84. doi: 10.1016/S1474-4422(16)00068-5.

Hardmeier M, Leocani L, Fuhr P. A new role for evoked potentials in MS? Repurposing evoked potentials as biomarkers for clinical trials in MS. Mult Scler. 2017;23:1309-19. doi: 10.1177/1352458517707265.

Giffroy X, Maes N, Albert A, Maquet P, Crielaard JM, Dive D. Multimodal evoked potentials for functional quantification and prognosis in multiple sclerosis. BMC Neurol. 2016;16:83. doi: 10.1186/s12883-016-0608-1.

Vecchio D, Barbero P, Galli G, Virgilio E, Naldi P, Comi C, et al. Prognostic Role of Visual Evoked Potentials in Non-Neuritic Eyes at Multiple Sclerosis Diagnosis. J Clin Med. 2023;12:2382. doi: 10.3390/jcm12062382.

Van Wijmeersch B, Hartung HP, Vermersch P, Pugliatti M, Pozzilli C, Grigoriadis N, et al. Using personalized prognosis in the treatment of relapsing multiple sclerosis: A practical guide. Front Immunol. 2022;13:991291. doi: 10.3389/fimmu.2022.991291.

Petzold A, Fraser CL, Abegg M, Alroughani R, Alshowaeir D, Alvarenga R, et al. Diagnosis and classification of optic neuritis. Lancet Neurol. 2022;21:1120-34. doi: 10.1016/S1474-4422(22)00200-9.

Downloads

Publicado

2024-09-30

Como Citar

1.
Delgado S, Timóteo Ângelo, Moniz Dionísio J, Rodrigues A, Arraiolos A, Lopes das Neves P, et al. Inclusão do Nervo Ótico Avaliado por Potenciais Evocados Visuais nos Critérios de Disseminação no Espaço para o Diagnóstico de Esclerose Múltipla. Sinapse [Internet]. 30 de Setembro de 2024 [citado 25 de Outubro de 2024];. Disponível em: https://sinapse.pt/index.php/journal/article/view/112

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)