Impacto do Primeiro Ano da Pandemia COVID-19 na Tele-Articulação Regional em Rede na Abordagem do AVC Isquémico Agudo: Experiência de um Modelo “Drip-and-Ship” Português
DOI:
https://doi.org/10.46531/sinapse/AO/230086/2024Palavras-chave:
COVID-19, Acidente Vascular Cerebral, Telemedicina, Transferência de DoentesResumo
Introdução: Embora escassos, os modelos organizacionais regionais para abordagem do acidente vascular cerebral (AVC) agudo recorrendo à telemedicina têm vindo a ser implementados em diversos países nas décadas mais recentes. A pandemia COVID-19 colocou à prova a rede de prestação de cuidados de saúde. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto do primeiro ano da pandemia COVID-19 no desempenho da Rede da Via Verde do AVC na região Centro de Portugal.Métodos: Estudo retrospetivo multicêntrico envolvendo os oito hospitais da Rede da Via Verde do AVC da região Centro de Portugal. O primeiro ano de pandemia COVID-19 (19/03/2020 a 18/03/2021) foi comparado com o período precedente, entre 01/01/2018 e 18/03/2020. Analisámos o número de teleconsultas, o número de doentes transferidos para tratamento endovascular, as métricas temporais de desempenho e o resultado funcional (avaliado através da modified Rankin Scale aos três meses).
Resultados: Observou-se um aumento de 8,2% no número de teleconsultas por dia na fase pandémica quando comparada com o período precedente e de 12,9% no número de doentes transferidos para trombectomia diariamente. Durante a pandemia, observou-se um aumento de 95,8 minutos no intervalo de tempo entre o início dos sintomas e a admissão no hospital primário (159,5 vs 255,3, p<0,01), de 18,5 minutos entre a admissão nos hospitais primário e terciário (205,6 vs 224,1, p=0,04). O intervalo entre a admissão no hospital terciário e a punção femoral reduziu 6,7 minutos (49,4 vs 42,7, p=0,08) e o intervalo entre a admissão no hospital terciário e a recanalização reduziu 24,2 minutos (101,9 vs 77,7, p<0,01). O resultado funcional aos 3 meses não foi afetado pela pandemia (OR 0,66 [95%CI 0,7-1,3], p=0,79).
Conclusão: Na pandemia, observaram-se resultados divergentes em diferentes domínios da cadeia de cuidados. Os resultados deste estudo realçam a relevância da existência de redes regionais para abordagem do AVC agudo bem estabelecidas, especialmente durante períodos colocam à prova a rede de prestação de cuidados de saúde.
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